22 fevereiro 2012
13 fevereiro 2012
a origem vertiginosa
Nossa literatura, articulando-se com o Barroco, não teve infância (in-fans, o que não fala). Não teve origem ‘simples’. Nunca foi in-forme. Já ‘nasceu’ adulta, formada, no plano dos valores estéticos, falando o código mais elaborado da época. Nele, no movimento de seus ‘signos em rotação’, inscreveu-se desde logo, singularizando-se como ‘diferença’. O movimento da diferença (Derrida) produz-se desde sempre: não depende da ‘encarnação’ datada de um LOGOS auroral, que decida da questão da origem como um sol num sistema heliocêntrico. Assim, também a maturidade formal (e crítica) da contribuição gregoriana para a nossa literatura não fica na dependência do ciclo sazonal cronologicamente proposto pela Formação. Nossa ‘origem’ literária, portanto, não foi pontual, nem ‘simples’ (numa acepção organicista, genético-embrionária). Foi ‘vertiginosa’, para falar agora como Walter Benjamin, quando retoma a palavra Ursprung em seu sentido etimológico, que envolve a noção de ‘salto’, de ‘transformação’.”
O sequestro do Barroco na Formação da literatura brasileira: o caso Gregório de Matos
(Haroldo de Campos, 1986 - edição 2011, p. 67)
(Haroldo de Campos, 1986 - edição 2011, p. 67)
Assinar:
Postagens (Atom)