(Um copo de cólera - Raduan Nassar)
30 setembro 2010
28 setembro 2010
26 setembro 2010
enxurrada
Água. Muita água jorrando, se esparramando e tomando conta dos tornozelos, joelhos, quadris, bocas. Isso no final, porque começou com cheiro de mofo, cadeiras de plástico que escorregavam no chão de azulejo, colocadas em frente a um palco marrom, de madeira arranhada. Muitos corpos ocuparam o opereto de maneira previsível, vestidos previsivelmente e aplaudidos como havia de ser. A beleza se vestiu com blusa e calças largas, sandálias e bolsa transpassada, era um homem comum novamente, previsivelmente seguro, de perto engordado, com algum problema por de dentro, um problema grave. Minha pergunta foi respondida sinceramente com os olhos, a boca sorriu ironicamente e, como de rigor, respondeu com língua afiada alguma barbárie. Retrucava indiretamente, mas dizia que tudo estava bem, como havia de ser. Depois das palavras o ruído vinha das águas jorrando, jorrando e tomando conta do lugar e dos meus dedos, dos meus olhos, da roupa dele e do mau-humor que o vinha constituindo. Água que era conseqüência, mas queria pressentir que, logo em seguida, provocaria outra enxurrada de barbáries ambíguas, paralisantes.
22 setembro 2010
observação
Interessante receber um veredicto psicanalítico sem precisar pagar as centenas de reais que uma consulta desse tipo custa, mas tenho receio de que o sujeito do discurso esteja se olhando no espelho, em vez de sua janela.
01 setembro 2010
a vingança da cultura
"A revolução já não está na ordem do dia, mas a capacidade de fazer história está longe de ter desaparecido. Na perspectiva de vivermos melhor em conjunto, a cultura democrática, mais do que nunca, está em aberto e por inventar, requerendo que se mobilize a inteligência e a imaginação dos seres humanos".
(Gilles Lipovetsky - "A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada")
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