07 setembro 2016

Comecei a aula com medo da escuridão do meu olho esquerdo, de onde brotavam dimensões ortogonais, irreconhecíveis. Terminei a aula com os dois olhos iluminados, com um campo de visão ampliado. 

Foi prazeroso e importante sentir que era um canal que dava passagem ao movimento. Era o momento em que não era eu dançando, mas algo que se relacionava com o movimento e com o ambiente. A expressividade criava uma espiral com possíveis espectadores: seriam eles os que iriam conferir sentido, ordenar signos, elaborar possíveis narrativas, se relacionar com o que pudesse emergir de sensações, sentimentos, paixões ao me ver dançar. Não eu. Eu me movo, com a abertura necessária e honesta para estar em relação com o ambiente. Não para seduzir. Para estar.


Se se tratasse de mim, das minhas neuroses, cairia em dores das minhas relações amorosas frustradas. O movimento que acontecia em mim, enquanto me sentia um canal que dava passagem a ele, tinha outro sabor. Um sabor de presença. 

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