Em 1920, o romancista inglês Arnold Bennett publicou uma coletânea de ensaios chamada "Nossas mulheres: capítulos sobre a discórdia entre os sexos", na qual defendia que "as" (artigo definido e no plural, enquanto o título apresenta o pronome possessivo) "mulheres" eram intelectualmente inferiores aos homens. Um dos argumentos era o de que o número de mulheres expoentes na literatura e artes em geral era muito inferior ao número de homens que se destacavam.
Por sorte, Virginia Woolf já existia nessa época e não conseguiu se calar diante de tal afirmação.
Selecionei a última frase de uma
tréplica da escritora, publicada no jornal New Statement,
que, para mim, demonstra o quanto essa mulher foi sábia ao usar seu talento em se comunicar.
"(…) o que é necessário não é
apenas a educação. É que as mulheres tenham liberdade de experiência, possam
divergir dos homens sem receio e expressar claramente suas diferenças (…); que
todas as atividades mentais sejam incentivadas para que sempre exista um núcleo
de mulheres que pensem, inventem, imaginem e criem com a mesma liberdade dos
homens e, como eles, não precisem recear o ridículo e a condescendência. Essas
condições, a meu ver, muito importantes, são dificultadas por declarações como
as de Falcão Afável e Mr. Bennett, pois para um homem ainda é muito mais fácil
do que para uma mulher dar a conhecer suas opiniões e vê-las respeitadas. Não
tenho dúvidas de que, caso tais opiniões prevaleçam no futuro, continuaremos
num estado de barbárie semicivilizada. Pelo menos é assim que defino a
perpetuação do domínio de um lado e, de outro, da servilidade. Pois a
degradação de ser escravo só se equipara à degradação de ser senhor.
Atenciosamente, Virgínia Woolf."Para quem tem vontade de conhecer mais sobre críticas tecidas pela escritora a às condições dela enquanto mulher e escritora e sobre constrições sofridas por qualquer mulher de sua época, recomendo a leitura de "Profissões para mulheres e outros artigos feministas" (2012), publicado pela L&PM Pocket.
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