22 setembro 2009

mapas descobertos

De repente tufões de mapas descobertos, começaram a fazer parte das minhas preocupações..Talvez porque esteja encontrando caminhos para entendê-los.

17 setembro 2009

sobre o livro "o corpo"

Pelo que venho entendendo das minhas leituras, que já foram várias de uma mesma linha rsrs (o livro parece um palimpsesto, que sempre que repito há algum entendimento novo que me havia escapado da leitura anterior) a teoria que elas propõe [no final do livro há um artigo intitulado "Por uma teoria do corpomídia" escrito pelas duas autoras] é a de um corpo encarado como processo de comiunicação em que há diálogos contínuos dele com o ambiente, entre biologia e cultura. Há uma percepção do corpo em movimento, não a coisa em si, como um objeto, mas o movimento, o processo pelo qual passa ininterruptamente.

Mas “como se dá o trânsito entre as informações do mundo e as informações do corpo?" perguntam elas no artigo “corpo e processos de comunicação”, escrito antes de ser publicado o livro, mas já na mesma linha de procura e descobertas. Trânsito vira uma palavra e ambiente importante para as buscas de quem não quer fazer ciência de objetos estáticos, mas de coisas vivas que se transformam no espaço e no tempo.

Como na frase escrita por Bauman, que elas deixam como parte do resumo do artigo, que coloca que para entender é preciso fazer um caminho diferente dos que estudam anatomias estáticas, em vez de estudá-las vivas, em movimento. >> “O que cabe à construção de epistemologias senão falar a nós o que não estava audível? Para consegui-lo devem se constituir de modo diferenciado ao das borboletas, “que não sobrevivem ao momento em que um alfinete lhes atravessa o corpo”.

Um livro que dá bastante pano pra manga, tanto para artistas cênicos como para quem se interessa por entender a fisicalidade e subjetividade concomitantes na existência.

16 setembro 2009

o corpo


Mais um livro na prateleira:
Encontrei o link do livro da Christine Greiner em que faz repassos históricos de concepção e conhecimento sobre o corpo humano, caminhando rumo à argumentação sobre a teoria que cria em conjunto com a filósofa pesquisadora de corpo Helena Katz, a teoria do corpomídia. O conjunto da obra indica pistas para estudos indisicplinares.
Clicando aqui, você pode ter acesso ao livro completo.

14 setembro 2009

a supremacia do movimento


A imagem é da capa do livro "The primacy of movement" todo da filósofa Maxime Sheets Johnstone, uma das fontes acessadas por Christine e Helena, no artigo "por uma teoria do corpomídia". É em inglês. Li apenas o que as pesquisadoras brasileiras falam da obra dela. Parece valer a pena!
Pesquisa a relação entre a dinâmica cinética da atividade corporal com a criação simbólica espontânea, que fazem parte do processo evolutivo dentro na comunicação. Movimentos metafóricos podem ser uma chave para o entendimento de tais criações de sentidos.
Clicaqui pra acessar a página com o conteúdo completo do livro.

10 setembro 2009

black bird

(caderno e caneta esferográfica preta)

resultado de uma das aulas de "atualização" na facul..

conceitos..direitos..ações?!

Pesquisando sobre pontos de cultura e sobre o Célio Turino (secretário de programas e projetos culturais do ministétio da cultura) na internet, acabei encontrando um site bem legal, o www.soylocoporti.org
A partir dele acessei blogs interessantes como o que me chamou a atenção pela discussão da democratização da comunicação - http://amarelo.soylocoporti.org.br
Discussão antiga, mas ainda válida. Um ambiente encarado tão subjetivamente como a comunicação, os produtos midiáticos, a expressão é condição também física e material tão necessária quanto o alimento, cuja ausência e repreensão pode gerar consequências graves. Também físicas, também subjetivas. Concessões federais deveriam ser dadas com maior diversidade, proporcionar diversos pontos de vista.

Fez-me lembrar de um projeto de implantação de um sistema de análise de produtos midiáticos com o selo de "qualidade da informação", quimera de um grupo de pesquisadores da Universidade de Barcelona, coordenado pelo professor Angel Bravo - que atualmente vive em Campo Grande - MS, devido a um programa de intercâmbio com a Universidade Federal do estado. Tentam encarar a comunicação como algo físico, para definir parâmetros objetivos de avaliação..A princípio me pareceu uma lâmina de censura, mas o fato de chamarem a atenção para as objetividades dentro da informação já me é interessante - ajuda a não cair em mares de relatividades. Definir limites é necessário.
Este projeto estaria relacionado ao sistema de democratização da informação pelo fato de proporcionar ao leitor parâmetros de escolha.

Abaixo vou deixar o vídeo sobre a semana nacional pela democratização da comunicação em Curitiba. Como um happening, instigam pessoas que passam pelo centro da cidade a falarem e refletirem sobre esses tais conceitos que remexem tanto nosso cotidiano.

09 setembro 2009

ausencia

Coincidência ou não, esse foi o poema que tirei para ler, ao lado daquele que agora me é ausente. Me faz falta.

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.

(Jorge Luis Borges)

05 agosto 2009

A memória inventa a madeira, a madeira inventa a memória

- O que é isso?

- Dá a sua mão.

- Epa! O que você vai fazer?

- (risos) Esse aqui é palmatória, do tempo da escravidão. E sabe esse furinho, no meio, pra quê que serve? Pra doer mais.

Brincalhão, seu João Manoel me mostra a réplica que ele mesmo fez do instrumento que o maltratava nos tempos de escola, em que os alunos “ruins” recebiam palmadas na mão, vindas da professora. “E sabe quanto tempo eu estudei? Seis meses.”

Pode ter sido uma forma racionalmente velada de proteger as mãos (preciosas atualmente), mas certo é que seu João nunca se esqueceu de que para aprender, havia de ter muita atenção.

Com seu pai, marceneiro alagoano, não foi diferente: "No tempo da escravidão era assim. Meu pai não me ensinava a trabalhar a madeira. Eu via ele trabalhar e quando ele saía eu ficava tentando fazer igual."

Passados quase quarenta anos, recém-saído da "roça" pantaneira e morando na Campo Grande dos anos 1970, João Manoel da Silva, começou a criar animais em madeira para passar o tempo da rotina de guarda-noturno.

O passa-tempo foi virando profissão e a sombra do pé de laranja, da rua Abrão Júlio Rahe, 2708, virou a oficina onde suas idéias iam tomando corpo na madeira, resultado da interação dos movimentos das mãos e braços, intermediados por diversas ferramentas, que como ele mesmo diz “não são elétricas. Por isso que eu sou artesão tradicional”.

Tuiuius, onças, jacarés, pássaros...Errando, criando e aprendendo, chegou ao carro-de-boi, que para ele é “o símbolo de Campo Grande” e que o fez um artesão reconhecido: já recebeu prêmio de melhor artesão de Mato Grosso do Sul, em 1991, vende seu trabalho para vários países e “tem uma peça minha na novela Pantanal, mas nunca recebi nada por isso.” Sua última surpresa foi ver sua foto, história e trabalho impressos em um livro, na condição de um dos representantes do artesanato sul-mato-grossense. O livro foi lançado em agosto deste ano e mapeia o artesanato de todo o Brasil (“Em nome do autor”, Beth Lima e Valfrido Lima, 2008).

Seu trabalho não se assemelha a trabalho algum. Sua arte reelabora o que ele vê no “real”, colocando dedos de sua própria identidade nos personagens em madeira, como o tuiuiú com formas humanas (que já foi usado como troféu para artistas sul-mato-grossenses). Postura curvada, o bico pressionando o tronco, olhar cabisbaixo e ao mesmo tempo altivo, como quem se defende de um mundo urbanizado.

Sozinho, aprendeu a criar sua singularidade e acredita que sua arte não vá morrer consigo. O conhecimento que passa adiante, para sua neta e sobrinho, diferente de sua experiência, é ensinado com carinho e cuidado, sem brechas para “estupidez” ou palmatórias.

(perfil de João Manoel da Silva - artesão sul-mato-grossense - publicado na revista Cultura em MS em 2008)